A revolução que veio das mulheres
m 1916 uma mulher brasileira casada não poderia viajar sem permissão do marido; não poderia abrir uma conta em um banco, comprar um imóvel, abrir um crediário em uma loja, ter um emprego sem que seu cônjuge autorizasse – e enquanto durasse a sociedade conjugal; mulheres solteiras e viúvas experimentavam uma autonomia significativamente maior. Nenhuma mulher, contudo, era considerada cidadã apta a exercer direitos políticos: embora não fosse explicitado o veto ao voto às mulheres na Constituição de 1891, o consenso era que a palavra “cidadãos” se referia apenas aos do sexo masculino, embora a língua portuguesa use o plural no masculino de forma generalizante.
O registro da extrema desigualdade entre homens e mulheres remonta há séculos. Longe de ser um dado natural, um desdobramento esperado da história humana, essa desigualdade é socialmente construída, por processos específicos cujas origens, propósitos e consequências não serão tratadas nesse texto. Mas do que é feita a luta das mulheres brasileiras ao longo do século XX em busca de autonomia, igualdade, liberdade e democracia? Continua a leitura do nosso novo artigo aqui.
Curso sobre Revolução Francesa
Nos dias 4, 5 e 6 de agosto de 2025 acontece o curso livre online “História da Revolução Francesa”, que será ministrado pelo historiador Daniel Gomes de Carvalho, doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e professor de História Contemporânea na Universidade de Brasília (UnB). Ele é também autor dos livros Revolução Francesa (2022, Editora Contexto) e Thomas Paine e a Revolução Francesa (2023, Fino Traço), e um dos hosts do podcast História Pirata. No Café História, Carvalho já falou sobre Thomas Paine, Liberalismo e Revolução Francesa.
Clique aqui para conhecer a página do curso e fazer sua inscrição.
O curso custa R$ 79,90. É possível pagar com cartão de crédito, PIX e boleto bancário. Também é possível parcelar o pagamento em até 12x. Ele é aberto a qualquer pessoa com interesse no tema, sem pré-requisitos. Os ingressos já estão sendo vendidos no site do curso. O Café História apoia o evento.
Morre Pierre Nora, aos 93 anos
Morreu em Paris nesta segunda-feira, 2 de junho de 2025, aos 93anos, o historiador Pierre Nora, referência na pesquisa sobre a memória coletiva e a identidade francesa. Membro da Académie Française desde 2001, Nora dedicou grande parte de sua carreira a investigar como a nação constrói narrativas que definem seu passado e seu presente.
Nascido em 1931 em uma família da alta burguesia judaica parisiense, ele construiu carreira na editoração de ciências humanas na editora Gallimard a partir de 1965, defendendo projetos ousados mesmo diante de censuras internas, como na publicação de L’Aveu, de Arthur London. No fim de sua vida, revelou-se também como escritor de memórias, publicando Jeunesse (2022) e Une étrange obstination (2023), nos quais traçava retratos vívidos do ambiente intelectual e mundano de Paris, além de lembrar com carinho o irmão Simon Nora, figura-chave nos anos Pompidou.
Nos anos 1980, Pierre Nora, ao lado de Marcel Gauchet, fundou a revista Le Débat, marco da renovação do pensamento liberal na França. Inspirada em antecessores como Raymond Aron e François Furet, a publicação surgiu no pós-Bicentennial e na queda do Muro de Berlim para afastar a reflexão intelectual francesa das amarras do marxismo e do “catéchisme révolutionnaire”. “Quando criei Le Débat, eu estava errado em acreditar em um apaziguamento do radicalismo. Não durou muito.”
A obra mais emblemática de sua trajetória, entretanto, é o monumental Lieux de mémoire (Lugares de Memória), que reuniu, ao longo de dez anos, sete volumes dedicados ao espírito da França — contemplando “a República”, “a Nação” e “as Franceses”. No ensaio, Pierre Nora parte da constatação de que, na era moderna, as memórias coletivas não circulam mais de forma espontânea e viva, como em épocas anteriores. Para ele, a memória tradicional – aquela que se transmite organicamente entre gerações, sem mediações – foi progressivamente corroída pelas rápidas transformações políticas, sociais e tecnológicas. Leia mais aqui.